
HISTÓRIAS SOLTAS
A MANA

-“Olá !Chamo-me Lia Pereira Vaz. Tenho 4 anos e sou filha dos teus papás.”
Durante dias a Lia andou a ensaiar as primeiras palavras que diria à sua irmã quando ela nascesse.
Estava muito ansiosa, e tudo que queria era gabar-se que já era grande o suficiente para ajudar os seus pais.
Sabia perfeitamente que tinha que ter muito cuidado, e que não podia pegar nela ao colo sem a supervisão de um adulto. Sabia que por enquanto só tomava leitinho e só a mamã a podia alimentar.
Claro que também era cedo para a Lia trocar as fraldas à irmã, mas isso ela não estava com pressa.
Também sabia que a partir daquele momento teria sempre alguém com quem brincar e com quem trocar segredos. E como era irmã, não se importava de compartir com ela os seus brinquedos ou a sua roupa.
Mas para isso tudo, primeiro tinha que aprender a falar, a andar e a tornar-se maior. E era nisso que a Lia sabia que a sua ajuda ia ser importantíssima.
A irmãzinha da Lia chama-se Mara Pereira Vaz, e vai ter uma vida maravilhosa rodeada de muito amor, muito carinho e muita atenção de todos, mas principalmente da irmã mais velha.
A Lia já sentia , mesmo antes da Mara nascer, que seria a sua melhor amiga, e que sempre a protegeria.
- Mamã!! A mana não vai dormir comigo? – perguntou a Lia
- Não Lia, ainda é muito pequenina. Tem que dormir no berço e pertinho da mamã e do papá. – respondeu a mãe
-Porquê? Eu também dormia assim?- continuou
- Porque tem que comer durante a noite. Também porque temos que lhe mudar a fralda. E como ainda não sabe falar para pedir as coisas, chora. E claro que tu também dormiste muito tempo assim. – Diz a mãe com um sorriso nos lábios
- Mas agora já não preciso. – responde a Lia toda vaidosa
- Agora não. Já és crescida, e já consegues fazer muitas coisas sozinha. – disse o pai
- Pois consigo, mas com a Mara ainda não posso fazer nada. Ainda tem que crescer um
bocadinho.- A Lia era consciente
- Sabes que a Mara ainda precisa muito da atenção dos papás, como tu também precisas-te quando nasceste. Mas podes ajudar-nos claro.
A Lia ficou a pensar naquelas palavras. Sabia que os papás estavam cansados e que de certeza que ela poderia fazer algo para os aliviar.
Foi para o seu quarto de brinquedos, e enquanto remexia nuns livros teve uma ideia genial.
Subiu as escadas com muito cuidado, e foi ter com a sua mãe que estava a tentar adormecer a sua irmã.
Estava a chorar a Mara, e a sua mamã estava a abanar suavemente o berço.
- Mamã, posso ajudar?- perguntou
- Agora não Lia. Tenho que adormecer a Mana. – disse a mãe toda orgulhosa por ver a preocupação da Lia.
- Eu tive uma ideia. Por favor, deixa-me tentar. Eu sento-me a teu lado.- Pediu
- Esta bem. Podes sentar-te.
A ideia da Lia era mesmo boa, mas não tinha a certeza se ia funcionar.
Começou muito baixinho a cantar uma musica de embalar. E não é que a Mara começou a chorar cada vez menos? E adormeceu.
A Lia estava toda contente. Tinha ajudado a sua mamã, e sabia que assim ela podia descansar melhor.
Era bom sentir-se útil.
- Obrigado Lia. Tiveste uma ideia fantástica. Vês como já ajudas? – Disse a mãe um pouco comovida com o ato da sua filha
- Agora vai dormir descansadinha a Mara. – disse a Lia
- Pois vai. És a melhor irmã do mundo. –Disse o seu pai
Nessa noite a Mara dormiu bem, os seus pais descansaram melhor e a Lia dormiu com um enorme sorriso, pois tinha ajudado os seus pais. Já era a irmã mais velha.
A vida da Lia mudou, mas para muito melhor.
FIM
