

Os Magnificos

Numa galáxia longínqua existe um pequeno planeta chamado Vitória. É um planeta cheio de campos e estádios. Todos os seus habitantes antes de saberem caminhar já chutam bolas, e todos tem uma apetência natural para a competição e para o futebol.
Em todas as famílias existe uma hierarquia já definida desde tempos mais remotos, em que os avôs são os presidentes, as avós as vice-presidentes, os pais os treinadores, as mães as adjuntas de treino, e como podem imaginar os filhos são os jogadores.
Todos os meninos são treinados e observados de maneira a que quando cumpram 4 anos já tenham o seu lugar definido dentro ou fora do Campo. O seu estatuto nesta hierarquia vai mudando à medida que os anos passam, isto porque um dia os meninos vão ser pais e avós. E nessa altura passaram a ser treinadores e posteriormente presidentes.
Mas e será que todos os habitantes terão que ser obrigatoriamente jogadores? A resposta é não. Não seria possível realizar jogos sem árbitros, sem equipamentos ou sem médicos, por exemplo.
Todos aqueles que desenvolverem apetências para as leis e regras tornar-se-ão árbitros ou juízes. Deles será a difícil tarefa de criar leis e gerir os jogos. Nada fácil.
Depois existem outros que gostam de desenhar equipamentos e preparar todo o vestuário dos vitorianos. Esses são os roupeiros.
Existem também aqueles que tem o dom da cura, e esses serão os médicos, fisioterapeutas e massagistas.
Mas e os atletas não comem? Claro que sim. Também há habitantes com a destreza de cozinhar e gerir todo tipo de alimentos, de maneira a todos terem umas refeições corretas, sãs e equilibradas.
As crianças deste pequeno paraíso frequentam escolas onde aprendem a ler, escrever e a história do futebol, entre outras muitas coisas. Mas há uma regra muito importante na civilização vitoriana, e é que quem não se comportar adequadamente na escola, ou quem tirar más notas é proibido de jogar futebol. É escusado dizer que todos são bem comportados, e bons alunos.
Neste planeta sempre imperou a boa disposição e a paz. De vez em quando alguém leva um cartão amarelo, ou vermelho, mas nada de grave. Cumprem um castigo, e tudo se resolve.
Mas houve um tempo em que toda esta alegria era invejada.
Vou-vos contar esta pequena história, onde ireis entender que a união, o treino e a amizade são a maior força neste desporto.
O Imperador Fraude era um ditador de um planeta vizinho chamado Tramoia. Fraude tinha nascido em vitória, mas à medida que foi crescendo, foi-se tornando violento e maldoso. Depois de levar imensos cartões vermelhos foi expulso do planeta. Mas o ressentimento e a vontade de vingança eram tão grandes que se apoderou deste planeta e tornou-se um líder arrogante e sem qualquer tipo de remorso por os seus hediondos atos.
Todos os dias os seus soldados eram treinados em todo tipo de aspetos do futebol, incluindo o embuste e o engano. Depois de anos a treinar os seus desprezíveis atletas Fraude decidiu invadir o planeta Vitória. O seu objetivo era dizimar todos os campos de futebol e tornar todos os habitantes seus escravos. A maneira de fazer isso era ir ganhando jogos de futebol.
Durante dias o planeta foi perdendo jogos e consequentemente campos e habitantes. Como eram mestres do engano, davam pontapés, ludibriavam o árbitro e marcavam golos com as mãos. A continuar assim o planeta não teria salvação. O imperador Fraude ria de tão bem que o seu plano estava a correr mas não estava a contar que os vitorianos tivessem um plano ainda melhor para o deter. Os presidentes mais velhos juntaram-se numa reunião secreta e decidiram nomear três treinadores para selecionarem os melhores jogadores do pequeno planeta. Nomearam o Sérgio Conceição, um mestre na motivação, Mourinho, exímio a defender e Leonardo Jardim o melhor a atacar.
Entre os três conseguiram convocar os melhores dos melhores.
Para a baliza o Afonso. Um verdadeiro muro dentro dos postes. Quase intransponível, capaz de defesas e voos quase impossíveis.
Outro escolhido foi o Matias. Muito forte no um contra um, uma técnica soberba e capaz de colocar a bola em qualquer canto da baliza.
Também foi chamado o Leo, Um jogador rapidíssimo, capaz de fintar 4 adversários em espaços minúsculos.
O Simão, um atleta poderoso, com uma habilidade enorme e fora do vulgar. Um pontapé fortíssimo.
O Lourenço. Incansável e com um poder de corte como ninguém. É um jogador tão bom a defender como a atacar.
Pelo seu empenho, liderança, posicionamento e coragem o Rodrigo era uma peça importantíssima nesta superequipa.
Pequeno mas veloz. Habilidoso e com um grande poder de passe e entrega foi também convocado o Lucas. Quase impossível de travar.
O Carlinhos era um jogador concentradíssimo, e muito focado. Nunca desistia e dominava a bola na perfeição.
O poder de finalização e a maneira como pressionar as defesas era uma qualidade que só o Tanaka tinha, e por isso era o jogador ideal para esta equipa.
Por último, mas não menos importante, o Chiquinho. Valente e muito evoluído tecnicamente. Nunca dava uma bola por perdida, e nunca virava as costas à luta. Metia a cabeça onde outros tinham medo de colocar o pé.
Estes eram os 10 magníficos escolhidos para salvar o planeta.
Fraude achava impossível perder um jogo, e pensava que nenhum jogador conseguiria travar a sua equipa de soldados.
O jogo decisivo foi organizado no maior e mais belo estádio de Vitória. Todos os habitantes foram ver o jogo e apoiar os seus jogadores. Sabiam que era aquela a última hipótese de se salvarem da tirania do Imperador Fraude.
Os primeiros a entrar em campo foram os árbitros. Escolhidos entre os melhores.
De seguida entrou a equipa visitante, com os seus equipamentos negros e com pinturas de guerra na cara. Uma velha técnica de intimidação.
Mas de repente entram de cabeça erguida os 10 magníficos. Os adeptos começam a vibrar e a entoar hinos de motivação.
As claques abanam bandeiras e cachecóis. Era um ambiente de enorme festa. Os vitorianos eram muito unidos e juntos lutavam por um mesmo final. A vitória.
Depois de um breve aquecimento os respetivos capitães escolhem os lados em que começariam o jogo.
Bola ao centro e começam os magníficos. O árbitro apita e o Chiquinho passa para o Matias. Numa correria desenfreada o número nove dos invasores faz um carrinho e leva o Matias à frente. Falta sem sombra de dúvidas. O Matias fica a contorcer-se de dores mas consegue continuar. Lourenço marca a falta, e num passe longo coloca a bola no pé do Leo que depois de fintar dois jogadores, ganha a linha de fundo e centra para o coração da área.
O Tanaka ataca a bola com o intuito de a cabecear, mas o defesa adversário apercebe-se e empurra-o, sem o árbitro ver.
O guarda-redes dos visitantes coloca a bola em jogo no seu defesa lateral, que apercebendo-se da proximidade do Carlinhos atira-se para o chão agarrando-se à perna. O árbitro corre até ao Carlinhos e marca falta, avisando-o que na próxima lhe dará um cartão amarelo. Os magníficos estavam incrédulos com a desonestidade dos invasores, mas não desistiriam.
O jogo continuou, e estava na posse dos jogadores do Imperador Fraude. A falta foi marcada com um passe longo para a área. O avançado vestido de preto pisa o pé do Afonso, não o deixando saltar, e aproveitando-se da situação marca o um a zero.
Os vitorianos estavam a perder o jogo com um golo irregular, e se acabasse assim o encontro, o planeta estaria perdido.
A bola é colocada no centro e o Lourenço passa para o Lucas, que depois de fintar 4 adversários, passa para o Simão que corre até à linha de fundo, onde faz um passe para o remate do Rodrigo. A bola embate violentamente no poste. Esteve à vista o empate.
No contra-ataque um jogador dos adversários entra na área e vendo o Chiquinho perto atira-se para o chão. O árbitro fora mais uma vez enganado e marcara penalti. A coisa estava difícil…
O central era o marcador de bolas paradas, e nunca tinha falhado um penalti. Arranca para a bola e solta um poderoso remate, mas o Afonso voa alto e defende a bola.
Nesse instante os adeptos aperceberam-se que era possível vencer, apesar do jogo- sujo que estavam a ser vítimas.
Chega o intervalo e os jogadores vão para o balneário ouvir as palavras dos técnicos. Passados 15 minutos sobem para o relvado e num abraço forte, comprometem-se a lutar e correr até à exaustão.
Começa a segunda parte e a bola sai dos trapaceiros. Adivinhando a lance o Carlinhos corta a bola e passa rápido para o Rodrigo. Tira dois adversários do caminho e entrega ao Chiquinho que fazendo uma finta curta e rápida passa pelo adversário. Vê o Matias desmarcado e entrega-lhe a bola. Com um pontapé fortíssimo coloca a bola no canto superior direito da baliza. O estádio salta de alegria e os magníficos festejam abraçando-se. Está feito o 1 a 1. A salvação estava mais próxima, mas ainda faltava pelo menos um golo.
O Imperador Fraude estava boquiaberto, pois era o primeiro golo que sofria a sua equipa em dezenas de jogos.
Bola novamente no centro do campo, e arranca o jogo. O lateral dos dos invasores passa em profundidade para o extremo que cruza para a área. O Afonso já sabia que o iam tentar pisar, por isso adiantou-se à jogada e agarrou a bola. Lançou rápido para o Lourenço que de cabeça entrega ao Leo. Passa por um adversário com uma finta fantástica, entrega a bola ao Lucas que tabela com o Chiquinho. Foge até à linha de fundo e cruza para a área. O Tanaka consegue-se esquivar da defesa e cabeceia para o fundo da baliza. Estavam na frente do marcador. A vitória estava perto e a salvação também.
Os jogadores de tramoia tentavam tudo para empatar o jogo, mas os magníficos estavam imparáveis.
Quando faltavam 5 minutos para o final do jogo, o Imperador Fraude tentou sorrateiramente escapar. Mas o Leo apercebeu-se e avisou o Simão que com um remate fortíssimo acerta em cheio no Imperador impedindo-o de fugir.
O jogo termina com a vitória dos magníficos que foram considerados heróis. O Imperador Fraude foi enviado para um planeta de cadeias, onde era praticamente impossível fugir. A paz voltou a reinar no planeta do futebol.
Esta é a história dos 10 magníficos, os melhores jogadores de futebol do Universo.
FIM
